"PRECONCEITO NÃO AJUDA NA CURA"
O grande
desafio inicial no enfrentamento do quadro já começa no próprio nome da doença.
“Câncer é uma palavra forte. Existe todo um condicionamento em cima disso. As
pessoas têm medo de pronunciar a palavra. Aliás, toda vez que se fala em
câncer, é num tom mais baixo, quase sussurrando. Por quê? Porque câncer mata.
Realmente, câncer mata, mas doenças cardíacas, diabetes etc. também matam, e
ninguém vê um cardíaco ou um diabético com medo de afirmar que o é. Ao
contrário, um cardíaco diz: sou cardíaco. E parece que dá status o número de
pontes de safena. Ele abre o peito, mostra a cicatriz”, explica o médico
Baltazar de Melo.
Meri Faquellet, ex-paciente da Asgap, confirma o imenso preconceito que cerca a
enfermidade. “Existe muito tabu, muita coisa que não se conversa. A mim irrita
alguém falando assim: Mary, você tem certeza que já teve? Outro dia minha
vizinha me perguntou: é verdade que você teve CA? Respondi: não. Eu tive
câncer, eu não sei o que é CA. Quando temos amigdalite, não dizemos: Tive AM.
Acho que devemos falar. A mim ajudou muito fazer isso”, assegura. Valdete
Sarmento, familiar de um beneficiado pelas ações da entidade, complementa esse
raciocínio. “Desde que cheguei ao Grupo, ouço relatos de reações
preconceituosas às pessoas que têm câncer. Nunca é demais lembrar que o
preconceito resulta de desinformação e egoísmo. Para quem ainda não sabe, câncer
não é contagioso. E só a humildade nos dá a dimensão real de que todos nós
somos vulneráveis. Com certeza, nos sentiríamos muito magoados e injustiçados
se fôssemos nós, ou alguém a quem amamos, os alvos da discriminação”. Outra
ex-paciente, Cristiane Silva, recomenda: “Sempre que possível, amparem a quem
estiver doente, seja a doença que for. Nunca se recusem a ajudar. Beije,
abrace, aperte a sua mão. Anime-o, porque isto facilita muito a sua
recuperação. Ninguém pediu para adoecer. Pode acontecer na vida de
qualquer um”, adverte.
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