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Desde que tinha 18 anos,
o australiano James Harrison, hoje com 78, doa sangue e com esse gesto foi
capaz de salvar a vida de aproximadamente 2 milhões de recém-nascidos, segundo
informações do canal Fox 13 Now.
A cada semana, durante
seis décadas, médicos usam seus anticorpos para produzir a vacina Anti-D, usada
para tratar mulheres grávidas que sofrem com a doença de Rhesus, ou
eritroblastose fetal, uma enfermidade hemolítica causada pela incompatibilidade
do fator Rh no sangue da mãe e do bebê. Estima-se que ele doou sangue mais de
1.000 vezes ao longo da vida.
Os médicos acreditam que
o idoso, que hoje vive na costa central da Austrália, desenvolveu os anticorpos
após ser submetido a uma operação torácica aos 14 anos, quando seu pulmão foi
removido. Ao saber que teve a vida salva por pessoas desconhecidas que doaram
sangue, ele manifestou o desejo de repetir o gesto assim que fosse permitido.
"Meu pai me contou que essa doação salvou a minha vida e eu disse 'então é
isso, quando eu ficar mais velho vou salvar a vida de alguém", contou
Harrison, que começou a doar sangue as 18 anos, idade mínima permitida pela
Austrália.
A eritroblastose fetal
acontece quando uma mãe de Rh negativo gera e dá à luz um bebê de Rh positivo,
herdado do pai. Ela produz anticorpos anti-Rh, que tentam destruir o agente Rh
do feto, considerado "intruso". Em uma segunda gravidez, esses
anticorpos já presentes na corrente sanguínea podem atacar o feto com Rh
positivo, destruindo suas hemácias (glóbulos vermelhos do sangue).
A produção da vacina
anti-D evita que as mulheres desenvolvam esses anticorpos durante a gestação.
"Na Austrália, até 1967, as mulheres tinham numerosos abortos e os bebês
nasciam com danos cerebrais e os médicos não sabiam explicar o porquê",
contou à CNN Jemma Falkenmire, do serviço de sangue Cruz Vermelha australiana.
Harrison tem sido o
único doador desses anticorpos, salvando milhões de bebês tanto na Austrália
quando em outros países do mundo. "Isso faz você se sentir bem
consigo", disse Harrison à CNN, acrescentando que não vê a si mesmo como
um herói.
O problema é que ele tem
apenas três anos mais de contribuição para a medicina, já que o limite de idade
para doação é de 81 na Austrália. Falkenmire afirmou que Harrison é
"insubstituível", mas disse o serviço de sangue da Cruz Vermelha
australiana espera que outro doador com os anticorpos venha em breve.
"Tudo o que podemos fazer é esperar que haja pessoas generosas o bastante
capazes de fazer o que ele fez, de maneira tão abnegada, e esperar que algumas
delas também tenham os anticorpos", acrescentou.
Noticia extraída do site www.uol.com.br